quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ESTAS PESSOAS SOFREM MAIS DE ISOLAMENTO QUE DE SOLIDÃO

'Lisboa Domiciliária' é um documentário de Marta Pessoa sobre sete idosos de Lisboa que são prisioneiros das casas onde vivem, por problemas de saúde mas também devido ao estado de degradação e à arquitectura adversa dos prédios. Estreia-se amanhã

Como apareceu a ideia de Lisboa Domiciliária?
Esta ideia tem já muito tempo. Eu sou de Lisboa, nasci na Lapa, em 1974, à beira da revolução. A minha família é quase toda de Aljezur mas considero-me lisboeta. Uma lisboeta sempre um bocado zangada, que é a melhor maneira de se ser lisboeta. Sempre vivi em Lisboa, mas não no centro. Fui estudar para o Bairro Alto, para o Conservatório, e naquela altura praticamente vivia no Bairro Alto. Foi aí que comecei a reparar que as pessoas que estavam às janelas, lá no alto, não coincidiam com as que andavam na rua. A questão começou a surgir por causa da minha avó, também algarvia mas lisboeta há muito tempo, como algumas das senhoras do filme. Ela ficou numa situação complicada, e ainda por cima morava num primeiro andar. E ela era muito andarilha, fazia muita vida de cidade, de que teve que abdicar, o que me meteu muita impressão. Eu tinha feito também uma curta, chamada Manual do Sentimento Doméstico, que me fez andar muito pela Baixa e reparar nessas mesmas casas e águas-furtadas...


Eurico de Barros . Diário de Notícias

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